terça-feira, 6 de abril de 2010

BOLO DA LUA: Um doce com muitas histórias.

     Começou por ser uma sobremesa, mas chegou a ter um papel fundamental na preparação de uma revolução. Com o passar dos séculos, a tradição de juntar a família, a observar a lua e a comer este doce, está cada vez mais enraizada. Em Macau, até já houve quem inventasse novas formas de o confeccionar. Moldando-o aos novos tempos ou recheando-o de ingredientes que são considerados de luxo na sociedade chinesa. No entanto, a receita original foi criada há mais de dois mil anos e ainda continua viva.
    O Bolo Lunar nasceu de um pastel chinês tradicional chamado “Tai Si”.“Bolo Wu”, porque as nozes eram o seu ingrediente principal. No entanto, reza a lenda que esta designação não agradava ao Imperador Xuanzong. Antigamente, era usado como uma oferenda ao deus da Lua durante as festividades que se realizavam a meio do Outono. Na dinastia Tang, também era uma sobremesa comida pela corte do palácio e tinha o nome de
    O soberano defendia que “Bolo Wu” não soava bem e pediu sugestões aos seus companheiros do palácio. Enquanto estava a observar a lua, brilhante e redonda, as palavras “Bolo Lunar” escaparam-se entre os lábios da princesa Ya Guifei. A partir daí, este termo popularizou-se e ainda hoje continua a ser usado.
    O bolo que nesta altura do calendário se multiplica pelas lojas da China também teve um papel na história de uma revolução. Estávamos na dinastia Yang (1200 a.C. – 1368 a.C.) e os mongóis, que se tinham estabelecido desde a dinastia Yuan, tornaram-se demasiado opressivos. O povo chinês aproveitou-se do facto da comunidade invasora não possuir a tradição de comer bolos lunares e congeminou uma revolta. Os líderes do plano distribuíram estes pastéis enquanto se celebrava a longevidade do imperador.
    Contudo, no seu interior, os bolos tinham mensagens secretas a convocar a população para um golpe político no décimo quinto dia da oitava lua, data em que se assinala o festival do Bolo Lunar. A rebelião realizou-se com sucesso e os bolos lunares passaram a ser uma tradição nacional da China.
    Enquanto estava a observar a lua, brilhante e redonda, as palavras “Bolo Lunar” escaparam-se entre os lábios da princesa Ya Guifei. A partir daí, este termo popularizou-se e ainda hoje continua a ser usado.
    Hoje em dia, este tipo de pastelaria ainda desempenha uma função central nas festividades que se realizam nesta altura do ano lunar. A sua utilização vulgarizou-se por todas as províncias, existindo até diferentes tipos em cada ponto do território chinês. Os mais famosos são o Jing de Pequim, o Guang de Cantão, o Su de Suzhou e o Chao de Chaozhou. Apesar de serem confeccionados através de métodos semelhantes, os sabores variam consideravelmente.
    O de Pequim é conhecido pelos seus recheios vegetarianos. O cantonês é mais doce, sendo que o açúcar é mesmo o seu ingrediente mais importante. Em Suzhou, a população prefere os sabores mais fortes e insiste muito no açúcar e no óleo. Já o tipo Chao caracteriza-se por ter uma forma mais lisa e é confeccionado com açúcar e óleo de porco.
    Como não podia deixar de ser, em Macau, o bolo mais popular é o cantonense. Existem mais de 200 recheios diferentes. Contudo, os mais vendidos são os que contêm sementes de lótus, pasta de feijão vermelho ou os recheios de cinco sementes, que são feitos com cinco tipos de nozes, sésamo, amêndoas, amendoins e sementes de melancia. Além disso, a essência do Bolo Lunar é ainda a gema salgada do ovo de pato, em representação da lua.
    Com o evoluir dos tempos, também surgiram novas formas destes pequenos e pesados bolos. Um desses exemplos são uns que parecem revestidos de neve, visto que as massas são confeccionadas com farinha de arroz. Na RAEM, é possível encontrar os bolos lunares de gelado ou de chocolate. Uma pastelaria famosa do território, a Wing Wa Macau, também confecciona uns bolos que são considerados de luxo, cujos ingredientes são a barbatana de tubarão e o ninho de pássaro. Estes últimos são feitos com a saliva das andorinhas.
    Uma característica que atravessa todos os tipos de bolos é que, para serem considerados de qualidade, devem ter uma crosta o mais leve e fina possível. Os recheios são misturados e a massa não pode ficar demasiado doce ou seca. Caso contrário, é considerado um bolo medíocre. O interior de ovo também deve ter uma pitada de óleo e tem que parecer dourado e reluzente.
    O bolo tradicional é feito principalmente com açúcar e o recheio é muito denso e de difícil digestão. Por isso, o seu consumo deve ser acompanhado por chá. Esta bebida ajuda a dissolver o óleo. Por seu turno, os bolos doces devem ser acompanhados por chá verde e os salgados com uma chávena de chá Oolong.

Sem mais... delongas vamos a receita?

Ingredientes

    500 g de farinha de trigo
    250 g de açúcar amarelo
    3 ovos grandes
    2 colheres (chá) de erva-doce
    1 colher (chá) de canela em pó
    2 colheres (sopa) de mel
    2 colheres (sopa) de azeite
    1 colher (café) de sal fino
    1 colher (chá) de bicarbonato
    1 gema de ovo 


Modo de preparo


     1- Junte a farinha aos restantes elementos secos, ou seja; o açúcar, o sal, o bicarbonato, a erva-doce e a canela.

    2- Junte os ovos batidos com o azeite e o mel e trabalhe a massa até se despegar das mãos.

    Obs.: Se for necessário, pode acrescentar mais farinha, até a massa ficar em boa consistência para tender os bolos.

    3- Forme umas bolas ou bonecos, pinte com a gema de ovo diluída num pouco de leite.

    4- Leve os bolos ao forno, em assadeira polvilhada com farinha.

    5- Leve ao forno pre aquecido em temperatura média por 40 minutos para assar e corar.





8 comentários:

  1. Nossa isso parece delicioso, gosto muito da cultura Chinesa.
    Vou fazer isso!!!

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    1. É muito delicioso. Todos os anos eu sigo a tradição e degusto algumas.

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  2. Isso é fascinante! Realmente incrível... Meus parabéns!!! ❤👏👏

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  3. Muito bacana! Mas tenho uma dúvida, esse açúcar amarelo é o mascavo?

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  4. Queira me desculpar, mas essa receita não é do verdadeiro Bolo da Lua, que é feito com uma massa de feijão. Não com farinha de trigo.

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